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PROJETO BUSCA DOCUMENTAR TODAS AS ESPÉCIES DE ANFÍBIOS AMEAÇADOS DE EXTINÇÃO NO BRASIL

Atualizado: 14 de fev. de 2019

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O projeto DoTS (“Documenting Threatened Species”), envolve a colaboração de diversos cientistas e instituições. Biólogos também irão tentar identificar se espécies ameaçadas são mais susceptíveis a um fungo que vem dizimando espécies de sapos no mundo inteiro.


A Perereca-de-Capacete-do-Rio-Pomba (Aparasphenodon pomba) é uma das mais belas espécies de anfíbio do território brasileiro. A espécie está Criticamente em Perigo, pois só é conhecida de uma única localidade, dentro de uma área particular no estado de Minas Gerais. (Foto: Pedro Peloso / Projeto DoTS)

Os anfíbios (sapos, salamandras e cecílias) são um dos grupos animais mais ameaçados de extinção do mundo. Estimativas globais apontam que quatro em cada dez espécies de anfíbios estão sob risco de desaparecer. No Brasil, pelo menos 41 espécies estão ameaçadas, e uma já é considerada extinta. Preocupados com essa situação um grupo de biólogos criou um projeto para buscar, documentar e estudar todas as espécies ameaçadas do País. A iniciativa, chamada Documenting Threatened Species – DoTS (“documentando espécies ameaçadas” em português) foi idealizada pelo biólogo Pedro Peloso, professor da Universidade Federal do Pará, e conta com a colaboração de diversas pessoas e apoio de instituições brasileiras e estrangeiras.


A Perereca-do-Vulcão (Bokermannohyla vulcaniae) é uma espécie criticamente ameaçada de extinção e só pode ser encontrada próxima a riachos na região de Poços de Caldas, Minas Gerais. A espécie é relativamente comum na região e pode ser encontrada em pequenas matas urbanas dentro da cidade. (Foto: Pedro Peloso / Projeto DoTS)


O principal objetivo do projeto é criar uma base de dados contento imagens de todas as espécies, além de também reunir informações sobre o estado de preservação dos locais de ocorrência das espécies ameaçadas. Pedro Peloso explica que para a maioria dessas espécies ameaçadas não existem muitas imagens, e a compreensão das ameaças é ainda insuficiente para a preservação das espécies—“diversas espécies de animais estão sendo extintas antes mesmo que as pessoas saibam da sua existência. O que esperamos é que ao apresentar belas imagens das espécies ameaçadas e dos ambientes por elas habitados, passemos a nos preocupar mais com o futuro desses animais incríveis”, diz Peloso.

O Sapinho-Admirável-da-Barriga-Vermelha (Melanophryniscus admirabilis) vive num trecho de 500 metros do Rio Forqueta no Rio Grande do Sul. A vegetação próxima ao rio continua a ser convertida em plantações e a água do rio sofre com a poluição e contaminação por agrotóxicos. A espécie está Criticamente em Perigo. (Foto: Pedro Peloso / Projeto DoTS)

Embora somente uma espécie de anfíbio seja oficialmente considerada extinta no Brasil, cientistas acreditam que mais possam já ter desaparecido. “Pelo menos outras quatro espécies de sapos brasileiros não são vistas há mais de 40 anos”, diz Iberê Machado, do Instituto Boitatá, uma Organização não Governamental que promove pesquisa e educação ambiental sobre anfíbios e répteis. “Enquanto ainda houver alguma chance de encontrar essas espécies, não vamos desistir. Vamos procurar por esses sapos perdidos!” conclui.

Anfíbios estão sofrendo declínios e extinções em todo o mundo e as razões para a maioria dessas extinções são a destruição do meio ambiente e a infecção por um fungo que vem dizimando populações de anfíbios em ambientes aparentemente preservados—o fungo quitrídio Batrachochytrium dendrobatidis (Bd). Guilherme Becker, professor da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, é especialista no estudo da ecologia e evolução do quitrídio e irá analisar os processos relacionados aos declínios e extinções dos anfíbios Brasileiros. “Nossos resultados preliminares apontam para uma forte relação entre o aumento da prevalência do fungo quitrídio e o desaparecimento de dezenas de populações de anfíbios nas cristas da Mata Atlântica no final da década de 1970. Muitas destas espécies nunca mais foram observadas na natureza; é possível que o fungo quitrídio seja um fator crucial na preservação de espécies ameaçadas. Por isto, compreender a causa dos declínios de anfíbios pode nos ajudar a prevenir que eles se repitam no futuro”, diz Becker.



A Rãzinha-de-Seropédica (Physalaemus soaresi) foi protagonista de uma grande controvérsia no passado recente. Devido à presença da espécie na Floresta Nacional Mário Xavier, o plano original de construção do Arco Metropolitano na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, teve de ser alterado. A obra demorou mais tempo para ser concluída e custou mais caro – mas valeu a pena, o sapinho está salvo. A rãzinha está Criticamente em Perigo de extinção (Foto: Pedro Peloso / Projeto DoTS).

Primeiros Resultados

O projeto já realizou duas expedições, uma ao Sul (Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e outra ao Sudeste (Rio de Janeiro e Minas Gerais). Nessas expedições Pedro Peloso e Ibere Machado foram acompanhados pelo biólogo e colaborador do projeto Marcelo Sturaro, professor da Universidade Federal de São Paulo. O grupo buscou por nove espécies, e encontrou oito delas—“o resultado dessas primeiras viagens foi bastante estimulante. Pudemos começar a entender melhor as ameaças às espécies e conhecer os cientistas que vem estudando essas espécies há anos” diz Peloso. O projeto já documentou quatro espécies incluídas na maior categoria de ameaça (Criticamente em Perigo).

Ibere Machado explica que o projeto é importante para conscientizar a todos sobre a relevância da preservação do meio ambiente e sobre a conservação dos anfíbios. Mas, assim como os demais membros da equipe, ele espera que o projeto dê maior visibilidade às espécies também junto aos órgãos ambientais. “Algumas dessas espécies ameaçadas correm maior risco do que outras, pois elas não estão dentro de áreas de preservação ambiental”, diz Iberê.


A Rã-do-Riacho (Thoropa saxatilis) vive em ambientes de pedras úmidas perto de rios, especialmente em cachoeiras, nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A espécie sofre com o desmatamento, com a poluição da água e com o turismo excessivo. A espécie coloca seus ovos nas pedras úmidas durante o verão, época que coincide com a maior visitação às cachoeiras na região—o pisoteio de ovos e animais jovens é um dos impactos sobre a espécie. (Foto: Pedro Peloso / Projeto DoTS)

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